Uso precoce de maquiagem pode comprometer a infância das crianças

Excesso de consumismo em uma área não indicada à criança também é uma forma de antecipar a vida adulta

A adultização acontece quando a criança é exposta precocemente a papéis, responsabilidades, informações ou comportamentos que não correspondem à sua idade, afetando o seu bem-estar. Um dos sinais é a reprodução de linguagens e atitudes típicas dos adultos.

O fascínio infantil por maquiagens e produtos de skincare tem levado crianças a replicarem os hábitos de consumo das mães. Segundo a psicopedagoga Paula Furtado, essa prática favorece a adultização precoce, um fenômeno que merece atenção e debate. “Conheço meninas de 10 e 11 anos com preocupações ligadas à estética e ao consumo de itens caros, e oriento os pais de que esse excesso de cuidado com a aparência não fortalece a criança; pelo contrário, tira dela a chance de viver plenamente sua infância”.

Pais e responsáveis, muitas vezes, oferecem esses itens como demonstração de afeto ou para satisfazer o desejo infantil de “imitar” os adultos, mas não se atentam às consequências dessa prática. “O problema é que o consumo precoce pode encurtar a infância e introduzir comparações desnecessárias em um período da vida em que o brincar, a fantasia e a espontaneidade deveriam ser prioridades”, explica Paula.

O uso de loções hidratantes, cremes anti-idade e géis de limpeza facial pelo público infantil é inadequado, pois são formulados para cada idade e, preferencialmente, indicados por um dermatologista. Além disso, a maquiagem pode contribuir para a sexualização infantil, cujas consequências, a longo prazo, podem ser prejudiciais ao desenvolvimento da criança.

“O excesso de consumismo em uma área não indicada à criança também é uma forma de antecipar a vida adulta. E mais importante do que incentivar a usar cremes e maquiagem, é ensiná-la a gostar de si mesma, a se sentir segura, a brincar, a errar e a aprender. Esse é o verdadeiro cuidado que vai acompanhá-la para a vida inteira”, reforça a profissional, que também é educadora e terapeuta.

Sobre Paula Furtado

Paula é pedagoga, formada pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), com especialização em Psicopedagogia, Neuropsicopedagogia (Facon-SP), Educação Especial, Arte de Contar Histórias e Arteterapia pelo Instituto Sedes Sapientiae e Leitura e Escrita, também pela PUC-SP. A profissional já atuou como assessora pedagógica em escolas públicas e particulares.

Paula Furtado atende crianças e adolescentes com dificuldades de aprendizado, incluindo casos complexos envolvendo traumas e situações de vulnerabilidade emocional. Nesta área da educação, a pedagoga ministra cursos para formação de educadores nas instituições de ensino público e particular e realiza palestras para pais sobre a importância de contar histórias.

Autora de mais de 100 livros infantojuvenis e criadora de jogos pedagógicos inovadores, Paula também escreve para revistas especializadas em educação e infância.

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